Moeda Norte-americana em alta complica a economia brasileira. A moeda norte-americana vem de uma sequência de valorização gradativa encerrando já com quase 0,5% de alta nessa semana, com valor que ultrapassa R$ 5,00.
A crescente alta do dólar pode causar impactos na nova taxa básica de juros da economia brasileira, prevista para ser anunciada ainda esta semana. A previsão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) e de muitos especialistas da área é a de que a Selic deve cair anualmente de 3% para 2,25% (Reuters).
Essa é uma previsão que se confirmada, terá a menor taxa Selic desde 1999, rememorando as metas para estabilização da inflação daquela época.
A relação da alta do dólar e o cenário brasileiro é a de que há uma redução dos rendimentos de ativos locais atrelados à Selic, distanciando investimento estrangeiro. Além disso, os tempos de inseguranças e incertezas que regem as políticas nacionais podem colaborar para que o Real seja desvalorizado em relação ao dólar.
Cenário externo parece mais cauteloso
Os Estados Unidos parecem estimular as expectativas frente à economia global, não somente pela baixa dos preços do petróleo, como visando a recuperação de perdas e bloqueios para o controle de uma nova onda de Coronavírus na China. Os mercados globais começam a tomar posições cautelosamente, já que ainda ocorrem surtos pontuais de Covid-19.
Já no Brasil, além do que pode se considerar como atuais ações descoordenadas de saúde frente à pandemia, as tensões politicas e partidárias ultrapassam os limites da constitucionalidade e da expressão de práticas democráticas, confundidas com práticas de vandalismo.
A condução das situações e a polemização de manifestantes antidemocráticos para com o Supremo Tribunal de Justiça, destoa da necessidade de cuidados e atenção com a atual situação da saúde e do bem comum nacional. Infelizmente a falta de educação e bom senso de representantes do povo brasileiro expõe uma fragilidade e cria dúvidas para investidores estrangeiros.
Embora o Banco Central realize um esforço emergencial para manter o suporte à atividade econômica prejudicada pela pandemia, não há como recuperar imediatamente a queda do PIB que já atinge 6,51%.
A alta do dólar revela os esforços dos Estados Unidos em manter seus recursos e receber investimentos. Revela que além da fragilidade do mercado financeiro internacional se manter cauteloso, ainda está em vários aspectos, muito distante de um ideal próspero da economia brasileira.
A alta do dólar comercial cotado em até R$ 5, 26 parece ser bem interessante para aqueles que investem em criptomoedas e produtos relacionados a ele, mas serve de alerta em comparação à valorização do real e sua perda de competitividade.
Somente no ano de 2020 o dólar teve uma valorização de mais de 30% se tornando uma moeda cada vez mais competitiva e atingindo patamares mercadológicos para investidores que obtém lucros em dólar.
É preciso considerar que a variação do dólar mudou muito desde a implantação do plano real, isso acontece porque o câmbio é flutuante e o valor da moeda é fixado de acordo com o mercado.
O fato de o dólar subir pode ser baseado na justificativa que os Estado Unidos oferecem mais recursos de segurança frente à uma crise, então os investidores e empresas vão preferir a ideia de maior estabilidade que o país oferece, ou seja, que seus negócios tendem a crescer e serem mais valorizados naquele lugar.
Outro aspecto é que pode haver pouca entrada da moeda norte-americana no país, daí aliado a crise política seu valor continua em alta. Mas a queda de moedas em relação ao dólar não acontece apenas no cenário econômico brasileiro, outros países latino-americanos como o Chile, Argentina, Colômbia também sofrem com as quedas e a insegurança.
A América Latina vem sofrendo com estes impactos econômicos desde janeiro, antes mesmo da crise da pandemia global.
Nesse percurso encontram-se em queda moedas, ações latino-americanas, metais, commodities agrícolas, muito semelhantes ao que aconteceu em 2015. No Brasil mesmo com os leilões swap tradicional extraordinários anunciados pelo Banco central, a desvalorização do Real ainda é proeminente.
Mais leilões, privatizações, prejuízos na balança comercial e exportações acontecerão, porém ficam periféricos em relação às variações do dólar.
Tudo isso é mais um indício de que não há uma nação independente na totalidade, somos todos interdependentes social e economicamente, ou melhor, na perspectiva do filósofo Edgar Morin trata-se de um sistema complexo e interligado; mas é preciso repensar a reforma; reformar os pensamentos.