Uma pesquisa que foi realizada para avaliar como o Auxílio Emergencial de 600 reais tem sido usado pelas pessoas de uma forma geral revelou que a chamada Classe C passou a ser a principal responsável pelos gastos com alimentos e produtos de higiene e limpeza nos supermercados em tempos de pandemia.
De acordo com o levantamento, que foi feito pela Nielsen, na comparação entre o segundo semestre do ano passado e o primeiro semestre deste ano de 2020, a Classe C registrou uma queda de 0,6% nos gastos. Enquanto isso, o total das despesas das classes sociais diminuiu aproximadamente 2,7%.
Na fala de Andrea Stoll, que é gerente da Nielsen Brasil, empresa responsável pela pesquisa em questão: “Isso significa que muito provavelmente a Classe C pode ser sim o motor para fazer com que os gastos caiam menos. Não é que está impulsionando para um crescimento, ainda não tem essa força, mas sim, a Classe C é a classe social que está conseguindo fazer com que o consumo retraia menos”.
Auxílio Emergencial e a importância da Classe C para a Economia brasileira
É válido lembrar que a Classe C é definida como a parte da população cuja renda per capita (renda por pessoa) está compreendida entre 500 reais e 2000 reais. Vale ressaltar também que no período da última década, a classe C foi a grande responsável por impulsionar o consumo no país.
Nesse sentido, Andrea Stoll complementa que: “Todas as classes estão diminuindo os seus gastos. Mas a classe C é a que está contribuindo menos para esse recuo”.
Portanto, embora o consumo esteja diminuindo em todas as classes sociais, é fato que a classe C é onde essa retração tem sido menos notável. Logo, temos que um possível retorno de consumo a um estado anterior à pandemia pode começar justamente na classe C, que é uma classe menos favorecida financeiramente em relação às outras.
A pesquisa da Nielsen revelou outros dados importantes sobre uma possível recuperação da economia no período de pós-pandemia. O levantamento mostrou que cerca de 80% das famílias brasileiras que recebem o Auxílio Emergencial estão usando o valor do benefício para pagar contas. Mas que nas classes mais baixas, se identifica uma concentração maior das intenções de gastos nos produtos que fazem parte da cesta básica de alimentos.
Ao cruzar esses dados com o panorama geral, e considerando a comparação do primeiro semestre de 2020 com o primeiro semestre do ano anterior, de 2019, verifica-se que as famílias diminuíram o consumo total em quase 3%. Apesar disso, foi a classe C que teve a menor variação para baixo. Ou seja, é na classe C onde o consumo diminuiu menos.
Auxílio Emergencial – Dados do IBGE
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o Auxílio Emergencial chegou a 30,1 milhões de casas brasileiras. Este é um número que representa aproximadamente 44% do total de domicílios do país.
Ao mesmo tempo, o benefício emergencial colocou um total de 24 bilhões de reais diretamente no comércio por meio de compras que foram realizadas a partir de pagamentos digitais. Foram 19 bilhões de reais pagos por meio do Cartão de Débito Virtual da Caixa e 5 bilhões de reais em pagamentos feitos por QR Code e registrados no aplicativo da Caixa Tem. Os dados são da própria Caixa Econômica Federal e se referem aos meses de abril a agosto.
Com o acréscimo de 4 novas parcelas de 300 reais do Auxílio Emergencial, o governo tem a expectativa de que a curva de consumo volte a crescer. Resta esperar os próximos meses para saber se os gastos realmente vão aumentar, uma vez que o valor de cada parcela do benefício fez o sentido contrário. Ou seja, diminuiu, de 600 para 300 reais.